“Risco de fuga”, alega Justiça italiana para manter Zambelli na prisão

Justiça italiana decidiu por manter a deputada federal Carla Zambelli (PL-SP) presa no Instituto Penitenciário de Rebibbia

28/08/2025 - 09:48 hs

A Justiça italiana apontou risco de tentativa de fuga ao decidir, nesta quinta- feira (28/8), por manter a deputada federal Carla Zambelli (PL-SP) presa no Instituto Penitenciário de Rebibbia, localizado na periferia de Roma. Ela está há um mês na detenção, onde deve permanecer até a conclusão de seu processo de extradição.

Nessa quarta-feira (27/8), Zambelli havia passado por uma nova audiência, onde foi apresentado o resultado da perícia médica oficial da parlamentar. Através do documento, ficou comprovado que a deputada tem condições de permanecer em cárcere, sob tratamento.

Carla Zambelli na Itália

Zambelli está presa na Itália desde o dia 29 de julho, depois de ficar quase um mês foragida da Justiça brasileira.

Na última quinta-feira (22/8), por 9 a 2, o Supremo Tribunal Federal (STF) condenou Zambelli a 5 anos e 3 meses de prisão em regime semiaberto, além da perda do mandato, pelos crimes de porte ilegal de arma de fogo e constrangimento ilegal.

Ela foi acusada de perseguir, armada, o jornalista Luan Araújo, apoiador do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT)

Essa é a segunda condenação de Zambelli por um colegiado do STF. Na primeira, Zambelli foi condenada pela Primeira Turma a 10 anos e oito meses de prisão.

A decisão se baseou na participação da parlamentar na invasão dos sistemas do Conselho Nacional de Justiça (CNJ), em 2023, e na inserção de documentos falsos na plataforma.

O Tribunal levou em conta a conduta da deputada antes da prisão, incluindo sua entrada na Itália em 5 de junho de 2025, vinda de Miami, um dia após a emissão da ordem de prisão pelo Supremo Tribunal Federal (STF).

Segundo o tribunal, a chegada da parlamentar ao Aeroporto de Fiumicino coincidiu com a emissão de um Alerta Vermelho internacional, o que ampliou a busca por ela e demonstrou sua intenção de evitar a Justiça brasileira.

A Corte destacou, ainda, que Zambelli manifestou repetidamente desconfiança no sistema judiciário do Brasil e considerou a pena que lhe foi imposta injusta, evidenciando a intenção de se esquivar da execução da sentença.

O tribunal também avaliou a longa movimentação de Zambelli, que passou pelo Brasil, Miami e Itália, sem demonstrar vínculos sólidos no país europeu. O uso de intérprete durante a entrevista à imprensa italiana e a dificuldade com a língua local reforçaram essa avaliação.

Além disso, a Corte observou que, embora tanto Zambelli quanto seu marido não disponham de recursos financeiros por terem contas bloqueadas, isso não elimina o risco de fuga. A Justiça considerou que a parlamentar poderia recorrer a meios estratégicos e contar com apoio externo de ““pessoas ricas e influentes”, como declarado por ela mesma em entrevista, tornando irrelevantes os argumentos da defesa sobre limitações financeiras.

Com base nesses elementos — conduta anterior, declarações públicas e possibilidades de apoio externo —, a Justiça italiana concluiu que o risco de fuga de Zambelli permanece elevado, justificando a manutenção da prisão preventiva.