Governo Marcos Rocha gasta R$ 26 milhões por ano em propaganda enganosa e controle da imprensa em Rondônia

O caso da morte da criança no Cosme e Damião, por falta de medicamento, tornou-se um símbolo trágico de uma gestão que prioriza publicidade enganosa em vez de políticas públicas efetivas

Por Tudo Rondônia 14/07/2025 - 14:26 hs

Em meados de junho deste ano, Isabella Sophia Araújo Damazio, de 10 anos, teve um fim trágico no Hospital Infantil Cosme e Damião porque faltou remédio, como admitiu a própria secretária de Saúde. Mas dinheiro para publicidade não falta no Governo do Coronel marcos Rocha

PORTO VELHO (RO) – O Governo de Rondônia, sob a gestão do coronel Marcos Rocha (União Brasil), destina anualmente R$ 26.674.219,00 dos cofres públicos para bancar uma máquina publicitária que, além de propagar informações distorcidas, serve para silenciar a imprensa e maquiar o fracasso da administração estadual. A cifra milionária é aplicada em campanhas de propaganda que exaltam feitos inexistentes, especialmente nas áreas mais críticas, como saúde, infraestrutura e educação.

Por trás da operação está a Agência Nacional, empresa contratada fora do Estado, responsável por operacionalizar os chamados PIs (Pedidos de Inserção). Esses documentos contêm os valores a serem pagos, a descrição das campanhas e os prazos de veiculação nos veículos de comunicação.

O controle é exercido de forma centralizada pela Superintendência  de Comunicação (Secom), comandada por Rosângela Aparecida da Silva, ex-funcionária da Rede Amazônica (afiliada da Rede Globo), em conjunto com a Casa Civil, sob a liderança de Eliaz Rezende.

Controle político da mídia e favorecimento seletivo

Apesar de alegar critérios técnicos para a distribuição da verba publicitária, o Governo não consegue justificar pagamentos vultosos a sites pouco conhecidos ou sem histórico jornalístico, que, por sua vez, reproduzem fielmente os conteúdos oficiais. Enquanto isso, jornais, portais e emissoras com décadas de credibilidade são penalizados por publicarem críticas legítimas à administração.

O sistema, segundo denúncias do setor, premia veículos alinhados com o Palácio Rio Madeira – incluindo rádios e emissoras de TV cujos proprietários mantêm relações próximas com o governador – e pune com cortes de repasses os que exercem jornalismo independente. A ingerência política é tamanha que valores e contratos são ajustados com base em afinidade política, e não no alcance ou relevância do meio de comunicação.

Propaganda milionária para esconder tragédias

A destinação de R$ 26 milhões anuais à publicidade contrasta com o colapso da rede pública de saúde, onde faltam insumos básicos, medicamentos e infraestrutura mínima. A recente morte de uma criança no Hospital Infantil Cosme e Damião por falta de medicamento escancarou o abismo entre a realidade vivida pela população e a versão propagandeada pelo governo.

Mesmo diante de um sistema hospitalar precário, como o do João Paulo II, apontado pelo Tribunal de Contas do Estado (TCE-RO) como superlotado, insalubre e com equipamentos parados, a Secom divulga, com tom triunfalista, que a unidade passa pela “maior reforma de sua história” – algo desmentido por fiscalizações semanais do próprio TCE.

Mentiras patrocinadas com dinheiro público

De acordo com dados oficiais, a Secom gasta R$ 2,2 milhões por mês em propaganda – valor que não inclui ações pontuais adicionais ou reajustes em ano eleitoral. Os recursos saem do Tesouro Estadual e deveriam ser aplicados em áreas essenciais. No entanto, o contribuinte rondoniense é obrigado a financiar campanhas mal produzidas e descoladas da realidade, que têm como objetivo central preservar a imagem do governador e manter o controle narrativo da gestão.

A situação torna-se ainda mais grave diante da omissão de órgãos de controle, como o Tribunal de Contas e o Ministério Público, que não têm agido com o rigor necessário diante da utilização de verbas públicas para manipular a opinião pública e criar uma ilusão de governo eficiente.

População enganada, imprensa amordaçada

A propaganda oficial insiste em repetir slogans sobre progresso e melhorias, mas a realidade nos hospitais, escolas, estradas e bairros periféricos é de abandono e precariedade. Com a comunicação institucional transformada em ferramenta de manipulação, a população é mantida desinformada e a imprensa, em grande parte, cooptada.

O caso da morte de Isabella Sophia Araújo Damazio, de 10 anos, no Cosme e Damião, por falta de um remédio,  tornou-se um símbolo trágico de uma gestão que prioriza publicidade enganosa em vez de políticas públicas efetivas. O uso de mais de R$ 26 milhões por ano em propaganda para camuflar o fracasso do governo Marcos Rocha é uma afronta direta à população e um grave sintoma do desvio de finalidade na administração estadual.

Enquanto faltam medicamentos, médicos e infraestrutura básica nos hospitais, o Governo de Rondônia investe cifras milionárias para maquiar seus próprios erros. A comunicação oficial tornou-se um instrumento de propaganda política, e o controle da imprensa, uma prática sistemática financiada com o dinheiro do contribuinte. O que era para ser um governo voltado à eficiência e transparência, tornou-se, na prática, um esquema de manipulação midiática financiado pelo erário.