Quatro meses após o fim da primeira fase do Sistema Valores a Receber, elaborado pelo Banco Central (BC), a segunda etapa do programa, que estava prevista para começar em 2 de maio, ainda segue sem data marcada.
Um dos fatores que dificultou a realização da nova fase foi a greve dos servidores do banco, que terminou no mês passado. O Banco Central informou que “o cronograma e as informações da nova etapa do SVR serão divulgados oportunamente, com a devida antecedência”.
A primeira fase do sistema começou em 14 de fevereiro deste ano e durou dois meses. Ela foi dividida em etapas, de acordo com a idade do cidadão ou da empresa possuidora do dinheiro esquecido.
No entanto, a campanha não teve o efeito desejado pelo BC, e apenas 8,2% dos R$ 3,9 bilhões disponibilizados foram retirados do banco. Ao todo, 3,6 milhões de pessoas e 19 mil empresas resgataram o valor durante a primeira etapa.
A maioria dos beneficiários, no entanto se decepcionou com os resultados, já que as quantias disponíveis, quando existiam, eram pequenas. O vigilante Idalécio Alves, de 45 anos, foi uma das pessoas que conseguiu retirar o dinheiro esquecido que possuía.
Ele procurou saber se tinha direito a alguma quantia de dois bancos de que era cliente. Só que, ao consultar o site do BC, Idalécio viu que podia retirar apenas R$ 0,60. “Estava esperando um valor maior. Mas, então, só pedi para eles me darem o dinheiro, mesmo”, explicou o vigilante.
O exemplo de Idalécio é apenas um entre os 13,8 milhões de brasileiros que possuem, ou possuíam, menos de R$ 1 nas contas esquecidas no Banco Central. A aposentada Sônia Britto, 61, disse que muitas pessoas próximas resolveram até não retirar o valor, por ser considerado “irrisório”. “Tanto que virou até uma piada. Você chegava para ver o quanto tinha e apareciam só centavos”, disse.
Em contrapartida, o BC fez um levantamento indicando que 1.318 brasileiros tinham R$ 100 mil ou mais em dinheiro esquecido. Um dos maiores valores era de R$ 1,65 milhão. De acordo com o banco, a pessoa tinha várias cotas de consórcio que se extinguiram, e não verificou como os grupos foram encerrados.
Para o ex-diretor do Banco Central Carlos Tadeu de Freitas, um dos motivos da baixa adesão, além dos valores pequenos, foi a falta de informação sobre o sistema.
“Acredito que o pouco sucesso da primeira etapa venha da falta de informação para as pessoas. Mesmo com acesso a internet, é precário o conhecimento da maioria da população acerca desse tipo de serviço”, avalia.
APRIMORAMENTO – Atualmente, o site do SVR informa que as consultas do sistema estão “temporariamente suspensas para aprimoramento”. Além disso, o BC comunica que está trabalhando em melhorias do sistema e inclusão de novos valores, e que deve, em breve, divulgar a “data de reabertura do sistema para novas consultas e resgate dos saldos existentes” e “informações sobre valores de falecidos”.
Na visão do ex-diretor, para a nova fase, o banco deve priorizar a divulgação do sistema aos brasileiros. “Acredito que para uma maior abrangência na 2ª etapa, o Banco Central deve focar em divulgar nos grandes canais comunicativos, o ‘passo a passo’ para consulta e retirada dos valores”, opina.
Com informações Correio Braziliense
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