Igreja Presbiteriana é pressionada, mas adota silêncio e decide não afastar Milton Ribeiro

25/06/2022 - 11:58 hs

BRASÍLIA, DF (FOLHAPRESS) - Às 20h13 de quarta-feira (22), o presbítero Antônio César de Araújo Freitas enviou uma mensagem num grupo de WhatsApp a colegas da IPB (Igreja Presbiteriana do Brasil).

"Meus irmãos, estive com o Reverendo Milton [Ribeiro], na Superintendência da Polícia Federal em São Paulo, agora no início da noite, conversamos um pouco, orei com ele e deixei um abraço dizendo que seus irmãos estão em oração."

"Maravilha, César. Oremos por ele", respondeu o chanceler do Mackenzie, Robinson Grangeiro.

A conversa de Antônio com Milton durou cerca de dez minutos na sala em que o ex-ministro ficou detido por um dia, segundo relatos feitos à reportagem por interlocutores do presbítero.

A visita servia para mostrar apoio ao amigo, ex-ministro e pastor presbiteriano, que foi preso preventivamente por suspeita de ter cometido os crimes de corrupção passiva, tráfico de influência, prevaricação e advocacia administrativa.

No dia seguinte, Ribeiro foi solto por ordem do TRF-1 (Tribunal Regional Federal da 1ª Região).

Antônio César é vice-presidente do Conselho de Administração do Instituto Prebisteriano Mackenzie. Ele conseguiu visitar Milton por ser advogado, mesmo sem defender o ex-ministro em nenhum processo.

"Fui fazer uma visita de cortesia na condição de amigo", limitou-se a dizer à reportagem, acrescentando que não tem autorização para dar detalhes da conversa.

A prisão de Milton desencadeou a maior crise na Igreja Presbiteriana do Brasil em décadas, segundo seus integrantes. A IPB é pressionada nas redes sociais e por igrejas a se manifestar sobre o caso, enquanto os integrantes da cúpula da instituição divergem em discussões sobre a postura que deve ser adotada.

O presidente do Supremo Concílio da Igreja Presbiteriana do Brasil, Roberto Brasileiro, no entanto, pediu para os membros dos altos cargos da instituição manterem silêncio e esperarem os desdobramentos da investigação da PF (Polícia Federal).

A reportagem conversou com 11 integrantes e interlocutores da alta cúpula da Igreja Presbiteriana do Brasil nos últimos três dias.

O caso Milton foi o principal tema na reunião bimestral do Conselho de Administração do Mackenzie, na quinta (23). No início do encontro, segundo relatos, Roberto Brasileiro pediu para os conselheiros ficarem como "passarinho na muda", uma expressão que significa manter-se em silêncio.

Brasileiro ainda disse que Milton, ex-vice-reitor do Mackenzie, não será afastado pela cúpula da igreja e que a instituição não fará nenhuma manifestação pública sobre o assunto.

Segundo integrantes do colegiado, o presbítero Antônio César disse na reunião que, durante a visita de quarta, Milton falou que suas mãos estavam limpas e que a investigação da PF irá comprovar a sua inocência.