A
Polícia Federal abriu 1 inquérito para apurar movimentações financeiras de
Frederick Wassef, ex-advogado do senador Flávio Bolsonaro (Republicanos-RJ) e
de seu pai, o presidente Jair Bolsonaro.
A
investigação se baseia em documento de inteligência do Coaf (Conselho de
Controle de Atividades Financeiras) produzido em julho deste ano.
O
órgão apontou que foi realizado pagamento de R$ 9 milhões da empresa dos irmãos
Joesley e Wesley Batista a Frederick Wassef no período de 2015 a 2019. À época,
Wassef ainda advogava para Flávio e Jair Bolsonaro.
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O
relatório, revelado pela revista Crusoé,
reúne informações bancárias envolvendo o advogado, seu escritório e uma empresa
à qual é vinculado. As operações são consideradas suspeitas pelo Coaf.
O
inquérito foi aberto após o Ministério Público enviar à Polícia Federal a
documentação do Coaf.
De
acordo com a Crusoé, Wassef esteve ao lado do procurador-geral da
República, Augusto Aras, e do presidente Jair Bolsonaro em uma operação de
bastidores em favor da JBS. A empresa, como contrapartida, teria viabilizado o pagamento de
R$ 9 milhões para Wassef.
Segundo
a reportagem, Bolsonaro teria solicitado a Aras que recebesse Wassef na
sede da PGR (Procuradoria Geral da República), em 2019, para discutir a
anulação do acordo de delação premiada de executivos da JBS nas investigações
da operação Lava Jato.
A
delação foi assinada em 2017. O acordo foi reavaliado depois que as gravações
indicaram que o ex-procurador Marcelo Miller teria aconselhado Joesley Batista
no acordo com a Procuradoria.
De
acordo com a revista, Bolsonaro também telefonou diretamente para o
subprocurador Adonis Callou, então coordenador da força-tarefa que
receberia Frederick Wassef. Na ligação, o presidente não teria entrado em
detalhes sobre o assunto a ser discutido, mas demonstrou satisfação com o
encontro articulado.
O
encontro ocorreu no gabinete de Callou, na sede da PGR, em Brasília. De acordo
com a Crusoé, Wassef afirmou que gostaria de invalidar a possível anulação
do acordo de delação premiada com executivos da empresa, que, em suas palavras,
havia sido 1 dos mais eficazes de toda a Lava Jato até aquele momento.
A
conversa foi encerrada quando os procuradores indagaram se Wassef tinha
procuração pública –documento pelo qual uma pessoa concede autorização a outra
para representá-la legalmente– para tratar dos interesses em benefício da JBS.
O advogado disse que não tinha o documento naquele momento, mas que poderia
apresentá-lo depois. Assim, os procuradores encerraram a reunião.
No
cargo desde outubro de 2019, Adonis Callou deixou o comando do grupo de trabalho da Lava Jato na
PGR em janeiro deste ano.
Outro lado
Em
agosto, Wassef negou que tenha feito tratativas com Aras, ou que tenha havido
qualquer atuação sua junto ao grupo JBS. Eis a íntegra:
“Em
resposta às recentes notícias que circulam utilizando o meu nome, venho
informar que qualquer tema relacionado à JBS ou qualquer outro cliente do meu
escritório, não foi tratado com o Procurador Geral da República, o
excelentíssimo Sr. Dr. Augusto Aras. Dentro das minhas competências como
advogado, não atuei junto a PGR em nome da JBS no final de 2019 conforme noticiado
pela mídia.
É
importante salientar ainda que o Presidente da República, Jair Bolsonaro,
jamais ligou ou pediu para que o Procurador Geral da República, Dr. Augusto
Aras, me atendesse.
Não
é de hoje que se levantam mentiras utilizando o meu nome ao noticiar FAKE NEWS
– notícias falsas – na mídia nacional com a clara intenção de disseminar
confusão, causar dano e atacar a imagem e a idoneidade do Presidente da
República. Sem mais no momento.”
Também
em nota publicada em agosto, a JBS informou que Wassef não representa a empresa
junto à PGR. Eis a íntegra:
“A
JBS esclarece que o escritório de advocacia mencionado não representa nem se
manifesta em nome da Companhia junto à PGR. A empresa informa que os serviços
prestados pelo escritório tiveram como finalidade atuação em inquéritos na
esfera policial e que esses serviços foram prestados e pagos mediante emissão
de notas fiscais, sendo a última referente ao ano de 2019.
Os
valores e detalhes do contrato são protegidos por sigilo legal. A
Companhia mantém um processo de auditoria de fornecedores, os quais são
submetidos a due diligence e à aprovação da área de Compliance, o que também se
aplica ao caso em questão. Esse processo realizou, ao longo do ano passado,
9.486 análises de forma independente e sistêmica e os casos não conformes foram
bloqueados.”
A
PGR afirmou, em nota, que Aras não participou de nenhuma articulação
para tratar de eventual proposta de repactuação do acordo de colaboração
premiada dos executivos da JBS com envolvimento do advogado Frederick Wassef.
“Todas
as solicitações de audiência para tratar de assuntos jurídicos que chegam ao
gabinete do PGR são direcionadas para os procuradores que atuam na respectiva
matéria. O PGR dedica-se às áreas constitucional e cível perante o STF.”
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